terça-feira, 20 de abril de 2010

Ocaso II

Estáticos, homens e mulheres olhavam atentos
O sentar-se do sol atrás daqueles verdes montes
No que pensavam¿ Realmente não sei
Talvez no não descoberto
Também no não entendido

O acontecer das coisas me embriagava de paixão
Vivia aquelas não respostas como sinais do prosseguir
Não tinha rumo, mudava de idéia, mudava de sentido
No português antigo que diferença não faz
Pensava no algo mais, nas almas perdidas pelos becos

Sentia o desejo do instantâneo remédio
Sentia o desafio do perene negar-se
Naquele ocaso as pessoas viam desaparecer o astro
Que por todo o dia iluminava a terra
Eles pensavam em si mesmos

Em como as paixões se foram
E como eles poderiam voltar
Aladas de momentos felizes e tristonhos
Arregaçadas pelo tamanho dos sonhos
Arrebatada pelo infinito sonhar

Os amores anoiteciam como àquela hora
E voltavam a nascer na noite enluarada
Num momento sublime onde o tudo se faz nada
No fundo mais recluso dos pobres corações humanos
E no recôndito armado de esperanças viris

Amar além de mais nada, apenas amar
Subverter o cansaço, não desistir
Ficar louco e de pouco voltar
À uma lucidez que espanca só te fitar
Ao desconforto do ‘não’ depois de tanta luta

Mas assim se constroem os fortes
E assim se revelam as fraquezas
Presas enloucadas num coração que palpita
Gritando desvairadas pelos campos aonde se vai o sol
Berrando incalssavelmente uma só frase:
-Por onde vais ó perdido amor meu?