Para todos
Me lembro de olhar pras nuvens com mais ternura, pra lua também, com mais vontade de obter boas sensações. Me lembro de amar como uma criança, de cair e levantar também. Sinto, no mais ínfimo de meu ser, a hora de partir se aproximando. È só uma bela viagem ao desconhecido, mais uma delas. Me lembro que esquecerei de tudo em breve e que lembrar não passará de manchas de tinta na carta não mandada. Sinto que o mundo me devora e que o existir é um capítulo descortinado pelo tempo. É isso, o tempo é o maior remédio e o mais forte dos venenos, o mais poderoso perfume...um chá de erva calmante que dura pra sempre, uma dor que dilacera até que as luzes se apaguem em câmera lenta. Navegar é necessário, senão navegasse não teria sentido construir o barco. Me lembro de crianças batendo palmas e ouvindo uma flauta oxidada. Me lembro de suspiros e sussurros que eram de amor, de uma amor que parecia de verdade, o único que tive. Gostaria de dar-lhe um beijo e um abraço, os mais sinceros e positivos que possam haver. Não há mais tempo, mas o tempo sempre haverá de existir, é como o vento que muda de direção e para de nos acariciar a pele, os cabelos e as mãos. Fiz meu home work e agora posso dormir em paz. É a única coisa que espero ter ao viajar. A gente tem esperanças de que o clima e as boas marés nos tragam de volta. Me lembro de ter passado angústias e alegrias maiores que sinto agora e penso que algum dia, um dia qualquer, talvez sinta algo maior. Me lembro da música tocando, dos amigos sorrindo, de ter fugido e me escondido, de ter sido encontrado, de ser descartado, de estar perdido e de estar total e inabalavelmente seguro. Me lembro de duvidar e acreditar piamente em Deus, de Deus com maiúscula ou de deus com flores humanas. Me lembro de ter merecido e de ter ignorado, não me lembro de perdoar e entender profundas coisas. Esse capítulo esteve por ser escrito. Me lembro de escutar promessas e de fazê-las. Me lembro de não dar muita atenção à mudança da acentuação na língua portuguesa. Me lembro de ter estudado muito e de não ter estudado o bastante, de ter pedido ajuda um milhão de vezes. De ter valorizado sobre humanamente quem me ajudou, de ser e não ser valorizado quando ajudei...ou quando tentei ajudar. Agora não tenho mais medo, me sinto apenas um ‘estar no mundo’ e, por isso e por outras, não quero que desçam lágrimas, só orvalhos em folhas noturnas. Me lembro de ser embalado no berço, de ser amado como filho, de estar doente e de ser curado. Me lembro do suor e do sereno, do cheiro e do som, da música e do ruído, do passado e do presente. Espero não ter esquecido de nada.
sábado, 29 de maio de 2010
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