Carta
Não quero a distância do espaço bruto
Nem a rima instalada no canto dos poemas
Só a saudade que continua perseverante
Mas se escorre aos poucos como a areia das mãos
Quando? Não me pergunte, não quero responder
Não direi não ao querer dizer sim
Nem o contrário
Um resgate irmão do pedido de ajuda
Na noite calada onde só insanos versos escutam
Dia lindo e nublado e de sol e de lua
Sem amor não correspondido
Apenas amor findo
Ah, meu anjo...a dor andou me espreitando
E o amor que faltava...faltou
Não deixou lembranças nem endereço
Mas por que chorar?
Chorar da forma que desejar
No sorriso, nas plantas, nas lágrimas
Nos escritos, no cantar, no andar sem destino
Olha meu anjo...os sonhos todos fugiram do caminho
O pesadelo não pesa mais como antes
As consoantes continuam sem amedrontar
A insônia irá morrer...possivelmente
Olha o dia chegando, meu amor...olha
Amanhã vou acordar abraçado com lembranças
Vou assistir a um filme sozinho
Rir sem ter com quem comentar
Mas isso é normal, não é?
Bom, se não for...deixa estar, quem sabe alguém me acompanhará?
Não espero nada dos outros, ando tão só que espero mais do vento e do tempo
O vento faz um barulho muito sutil...lembra, minha querida?
Tínhamos planos, guardados agora nos guardanapos dos lugares onde não estivemos
Será que nós morremos? Ou simplesmente ficamos encantados?
Sinto falta ou saudade...mas quem não as sente?
O silêncio corta o amor pela pele...sangra a alma
Mortifica os pensamentos
Já pensou? O amor acabou num final de semana qualquer
Nunca pensei nisso
As mãos dadas se separaram enfim
Não sentem mais arrepios quando estão juntas
Ganharam o medo de nunca mais