quarta-feira, 14 de julho de 2010

Carta

Não quero a distância do espaço bruto

Nem a rima instalada no canto dos poemas

Só a saudade que continua perseverante

Mas se escorre aos poucos como a areia das mãos

Quando? Não me pergunte, não quero responder

Não direi não ao querer dizer sim

Nem o contrário

Um resgate irmão do pedido de ajuda

Na noite calada onde só insanos versos escutam

Dia lindo e nublado e de sol e de lua

Sem amor não correspondido

Apenas amor findo

Ah, meu anjo...a dor andou me espreitando

E o amor que faltava...faltou

Não deixou lembranças nem endereço

Mas por que chorar?

Chorar da forma que desejar

No sorriso, nas plantas, nas lágrimas

Nos escritos, no cantar, no andar sem destino

Olha meu anjo...os sonhos todos fugiram do caminho

O pesadelo não pesa mais como antes

As consoantes continuam sem amedrontar

A insônia irá morrer...possivelmente

Olha o dia chegando, meu amor...olha

Amanhã vou acordar abraçado com lembranças

Vou assistir a um filme sozinho

Rir sem ter com quem comentar

Mas isso é normal, não é?

Bom, se não for...deixa estar, quem sabe alguém me acompanhará?

Não espero nada dos outros, ando tão só que espero mais do vento e do tempo

O vento faz um barulho muito sutil...lembra, minha querida?

Tínhamos planos, guardados agora nos guardanapos dos lugares onde não estivemos

Será que nós morremos? Ou simplesmente ficamos encantados?

Sinto falta ou saudade...mas quem não as sente?

O silêncio corta o amor pela pele...sangra a alma

Mortifica os pensamentos

Já pensou? O amor acabou num final de semana qualquer

Nunca pensei nisso

As mãos dadas se separaram enfim

Não sentem mais arrepios quando estão juntas

Ganharam o medo de nunca mais

Ponto final


Rasgando os panos da sensibilidade

Aqui estamos nós

Peregrinos incansáveis em busca de momentos felizes

Duros caminhos a serem perseguidos

Caminhos de flores e espinhos

De dias e de noites rápidas ou intermináveis

E nos preparamos para o mais provável

Deparamos-nos com o inimaginado

Freqüentamos, de forma diversa, as mesmas vírgulas do caminho

Moramos em frente a inúmeros pontos interrogativos?

Nadamos livres pela interpretação

Quadros na parede do planeta e o planeta na mesa de jantar

Vamos, estamos prontos pra mais uma reunião

Mãos sobre a mesa pra que admiremos as possibilidades

Numa linda canção que espera que se sirva um alimento

Alimento necessário pra continuarmos a semana ou a vida

A bênção que é estar vivo e nem sempre pronto, mas eternamente em movimento

Hora do choro, hora do sorriso

Que ledo engano é achar que as coisas se resolvem sozinhas

Que inútil atitude quando tentamos resolver tudo e não deixar o tempo fazer seu trabalho

Ser livre nas palavras que banham as páginas dos capítulos

Tentar quantas vezes necessárias e saber jogar a toalha quando finalmente acabar

Ponto final.