segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Hoje, senhor de todo fruto
Minha vida se recolhe ao invisível
Ao invisível de todo plano terrestre
Ao invisível do que se fala ao coração
Ao imprevisível e às palavras malditas - ditas maleficamente
Ao irmão sereno no invisível do 'eles' no mundo
Ao voo pelo mundo sonoro de pedaços estilhaçados
Ao invisível das patas do felino na espreita
Ao invisível que paira na visão periférica do goleiro
Ao invisível residente entre as horas infinitas e o sim velado
Ao invisível do riso guardado que a lucidez ocultou
Ao visível do choro terrível que a sobriedade encurtou
Seu medo terrível é hoje meu
Seu invisível ranho gutural hoje é meu grito insólito
Minha vida se recolhe ao invisível Arquiteto do Universo
ao invisível em tudo e presente abundantemente no ato invisível de ser
ao invisível saber por onde pisa o caçador
ao imprevisível saber da caça no ruído do seco galho quebrado
Amor...bom dia
invisível amor que eu não tenho
Nem para dar, nem para receber, para-brisas
Nessa estrada invisível que leva o nada ao nada
hoje, Senhor de todo fruto
Minha vida se recolhe ao intenso invisível
à dor na base da coluna
Ao colo saudoso do beijo do 'meu irmão'
Ao invisível da imagem que palpo em sua escrita infinitesimal
Minha vida se escolhe ao invisível
Senhor de todo fruto
dê-me cá tua mão
Vamos tentar entender juntos toda a falta de envolvimento de nossa espécie
Ao invisível wreck dive
Ao invisível mergulho na alma do indizível
Ao invisível e explícito amor forte da mulheres postas à provas de alma
Ao invisível que se cala em mim para terminar
Fim da procura, fim da postura, fim da sepultura
Oh, amor invisível, hoje minha vida se recolhe

Este poema flerta com escritos de Caetano Veloso, Milton Nascimento, Maria Rilke, Iara Fernandes.

é dedicado à Iara Fernandes, Lilian Cristina, Alessandra Pio, Tânia UberlândiaKarita Barbosa Santos, Janaina Baldez e Danielle Santos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Barco

Agora que a morte se anuncia

Me sinto como um barco ativo

Aos francos fluídos deslizando

Somando a noite e o dia

Se pra ser amigo é preciso

Cortar meus improvisos

Estar pronto quando queres

Prefiro então que esperes

Navego entre mares

De almas alvas e plenas

Da história tão pequena

Da memória muitos ares

Da hora de partir em paz

Peço o peso do artifício

Rezo pra bem mais benefícios

Conto contigo e te esqueço

Se não mereces o amor

Não venha me mostrar suicídio

Sou do mar, não do presídio

Gosto de roupas vermelhas

E faço assim porque espero

Ganhar teu sorriso não quero

Prefiro mendigar minhas lágrimas

Prefiro andar entre as gentes

Se não compete ao poeta

Se colocar competente

Esmago o paço aos tapas

Viajo sem seguir o mapa

Me perco por entre pântanos

Espantados de Alegoria

Não te desejo alegria

E muito menos tristeza

Mas se roubas da beleza

O centro do céu estrelado

Prefiro a voz do silêncio

Do que a surdez que me abriga

Prefiro a voz do silêncio

Menos amada, tão pouco amiga

A voz e o naufrágio