quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

sciens quia venit hora ejus

As coisas acontecem na vida com empolgação. Isso mesmo. Empolgação. Não dá pra falar nem em acaso nem em destino. Mas as coisas acontecem. Disso ninguém ousa duvidar. Me lembro de uma pessoa muito amada. Um dia qualquer, nem belo nem horrível, ela resolveu deixar de ser amada para ser respeitada. Não foi, então ela resolveu impor o respeito a si mesma. Quando não conseguiu, pegou o amor e o respeito que tinha por si mesma e trocou por tranqüilidade. Deu certo. Depois não deu mais. A tranqüilidade foi finalmente trocada pelo desconforto do grito, do não sono, da superficialidade que veio à tona depois de uma chuva fina. Houve uma tentativa de trocar o desconforto pela auto-preservação, mas o desconforto já tinha tomado conta e como não se pode apagar fogo com gasolina a pessoa desconfortável resolveu ignorar o fogo, a chama, o calor que vem dela...pediu água. Se afogou no próprio suspiro, havia esquecido que não se pode respirar debaixo d água, por isso se afogou. Mas se salvou, trocando a água que tanto cria quanto mata pelo inexorável silêncio, de forma descoordenada e oca. Inobstante o som, acabou ficando surda pelo imenso ruído que o silêncio faz. Mas a surdez premeditada traz consigo o acúmulo de palavras não ditas, carinhos não vistos, sorrisos não ouvidos, tocar de mãos cegas. Assim, a pessoa na sua inocência criada pelo desconforto da tentativa cega de uma auto-preservação silenciosamente tranqüila se olhou no espelho. Viu unicamente um passado onde ela apenas gostaria de ser amada, seu presente se foi. Não é esse o mal que a água faz quando se afoga¿