quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Barco

Agora que a morte se anuncia

Me sinto como um barco ativo

Aos francos fluídos deslizando

Somando a noite e o dia

Se pra ser amigo é preciso

Cortar meus improvisos

Estar pronto quando queres

Prefiro então que esperes

Navego entre mares

De almas alvas e plenas

Da história tão pequena

Da memória muitos ares

Da hora de partir em paz

Peço o peso do artifício

Rezo pra bem mais benefícios

Conto contigo e te esqueço

Se não mereces o amor

Não venha me mostrar suicídio

Sou do mar, não do presídio

Gosto de roupas vermelhas

E faço assim porque espero

Ganhar teu sorriso não quero

Prefiro mendigar minhas lágrimas

Prefiro andar entre as gentes

Se não compete ao poeta

Se colocar competente

Esmago o paço aos tapas

Viajo sem seguir o mapa

Me perco por entre pântanos

Espantados de Alegoria

Não te desejo alegria

E muito menos tristeza

Mas se roubas da beleza

O centro do céu estrelado

Prefiro a voz do silêncio

Do que a surdez que me abriga

Prefiro a voz do silêncio

Menos amada, tão pouco amiga

A voz e o naufrágio