sábado, 30 de janeiro de 2010

Hoje

Pasmo, olho os olhos em cores em minha frente
Verso da palavra, palavra em verso dilacerado
Forte abraço quente, doce, amargo, agridoce
As costas contam capítulos interminados
Param diante de olhos que querem se encharcar
Mas não conseguem nem no tempo úmido depois da chuva
Sangue rosa, vermelho e preto, sangue límpido de doador
Se à dor me dôo, dou de mim o que há de pleno
Serenamente sereno, que no telhado há de ficar até o amanhecer
Arranha-me, arrasta-me, arranha-arrasta-me-te
Aos pés do vencedor
E de quem a dor vence ou vence a própria dor
Venha, veja e vença, sentença rasgada na folha de papel
Na folha da flor que não veio
Na veia da flor arrancada
No cheiro da dor inodora
No adorar de almas distantes
Venha, veja e vença
O que não há de perseguir o medo
Aquilo que não tem que perdurar pelos anos
A hora que não tem que passar pelos dias
O botão que não ousa passar pela casa
A camisa que não se dá ao vestir
O silêncio que não se dá por mudo
O Muro que não se dá por fronteiriço
A fronteira que não se dá pela elasticidade
O amor que não se extingue pela prática
A paixão que insiste em beirar loucura
O remédio que, mesmo torpe, acalma como incenso apagado pelo vento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário